quarta-feira, 20 de abril de 2011

Só não contaram para ele; mas essa água, é nossa!



A água é um recurso natural de valor inestimável. Mais que um insumo indispensável à produção e um recurso estratégico para o desenvolvimento econômico, ela é vital para a manutenção dos ciclos biológicos, geológicos e químicos, que mantêm em equilíbrio os ecossistemas. É, ainda, uma referência cultural e um bem social indispensável à adequada qualidade de vida da população. Recentemente, muito se tem falado a respeito da "crise da água", e especula-se sobre a possibilidade da escassez desse recurso vital tornar-se motivo de guerras entre países; portanto, cabe aos governantes terem capacidade suficiente para entender e gerenciar os recursos hídricos do seu país, do seu estado ou da sua cidade.

A água é um patrimônio inegociável, vendê-la, é uma atitude que pode ser considerada burrice, incompetência, jogada política ou conveniência. Portanto, nada do que o ex- prefeito de Barbacena diga, irá justificar sua atitude extrema e incompetente de vender o patrimônio da sociedade barbacenense, sem antes sequer ouví-la.
Os votos nas urnas deram-lhe o direito de tomar decisões e medidas necessárias ao funcionamento da máquina municipal, e não para vender , doar , ou desfazer-se, inexplicavelmente, dos bens estratégicos do patrimônio do município.

Esse patrimônio foi negociado, ou “usurpado”, entre as paredes do Palácio da Liberdade, envolvendo o ex-governador Aécio Neves, o atual governador, Anastasia, e o prefeito de Barbacena, que gentilmente cederam a terceiros a nossa água, pela bagatela de vinte e oito milhões de reais; sete milhões a mais que o faturamento anual da empresa.
O que teria levado o ex-prefeito de Barbacena a tomar essa decisão de suicídio político? Convicção, mesmo que equivocada; incapacidade administrativa; interesses políticos ou escusos, que somente as paredes do palácio do governo presenciaram?
O que faz com que um homem público tome decisões que levarão, consequentemente, seu nome a julgamento histórico e popular?

Em conversa com um funcionário do DEMAE, o mesmo me disse que esse fato merece muito mais do que um julgamento popular ou histórico, já que o valor da “venda” nunca apareceu nos livros-caixa daquela autarquia. Para onde teriam sido levados os talentos da traição? .
Aliás, a semana santa é um bom momento para se refletir a respeito dessa negociata vergonhosa, que causou prejuízo ao município e traição ao povo de Barbacena. Em entrevista concedida a um jornal da capital, o atual governador do estado disse que devolveria ao DEMAE a região noroeste negociada com a COPASA, caso o Município devolva, com correção, o valor de compra e dos investimentos já realizados, que somariam trinta e cinco milhões, ou seja, com um lucro de sete milhões de reais. Em tão pouco tempo, um excelente negócio para a multinacional COPASA, e mais uma vez um assalto legalizado ao patrimônio público, visando investimentos em campanhas políticas.

Fica aqui, a pergunta: Se a água é um patrimônio de tamanha relevância, como um simples mortal pode tomar a decisão de vendê-la, sem a autorização de seus verdadeiros donos?
Onde estava o judiciário de Barbacena, de férias? Não seria o caso de um referendo popular, mesmo a constituição municipal não prevendo esse instrumento legal de consulta? No caso de devolução do que foi pago à COPASA, tal devolução não seria de responsabilidade do trio Aécio, Anastasia e Martim Andrada, que usaram de mecanismos ilegais para concretizar o negócio?
Existe no país algum jurista com competência e isenção para proferir sobre esta matéria? Até quando os brasileiros irão assistir tantos desmandos, calados, e inertes?
O fato é que, quando a escassez de água começar a atormentar o mundo, 74% das águas de Minas Gerais já estarão nas mãos do empresariado estrangeiro, através de seis letras: COPASA.

Nossa água será exportada para os países de primeiro mundo e o mineiro beberá água reciclada de esgoto; algo semelhante ao que já acontece atualmente com a nossa gasolina: a de primeira é para exportação; a de pior qualidade, é vendida mais cara no teritório brasileiro, que ainda subsidia as exportações do produto de melhor qualidade; isto é vergonhoso, isto é falta de caráter e amor à Pátria.
No discurso vazio dos correligionários do ex prefeito , o DEMAE não tem capacidade para oferecer ao município infraestrutura e água de qualidade e estava sucateado; mas foi o DEMAE que segurou financeiramente os rombos de diversas administrações da prefeitura de Barbacena. Se todos os recursos desviados fossem aplicados na modernização da autarquia, hoje seria uma empresa inabalável.
Não seria o caso de se responsabilizar todos os prefeitos que passaram pelo poder e convocá-los a devolver o que ilegalmente foi retirado?
Acordem, barbacenenses, tudo isto que anda por aí , é o continuismo da incompetência e da necessidade de sobrevivência política, de grupos que nunca fizeram nada pelo povo ou pela Pátria.
Caro ex prefeito Martim Andrada, só não lhe falaram: mas água é muito mais que decisões escusas de mandatários temporários. Esta o senhor fica devendo ao povo de Barbacena!

Maurício Lima

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